O exercício tem riscos mínimos e benefícios confirmados para a maioria das mulheres grávidas. Saiba quais os cuidados a ter antes de iniciar um programa de exercícios e quais as contra-indicações

“Hoje em dia as mulheres grávidas têm mais consciência dos benefícios da atividade física durante a gravidez, por isso recorrem cada vez mais aos ginásios com o objetivo de preparar o corpo para o parto e para a recuperação do mesmo. Tendo em conta isto, é importante que os profissionais se especializem para melhor poderem orientar e prescrever as exigências desta fase de vida da mulher. É verdade que não existem exercícios padrão para as grávidas e que as recomendações, para este tipo de população especial, são muitas vezes baseadas na intuição, no senso comum e na segurança da mulher grávida e do seu bebé. Durante esta fase é muito importante conseguir identificar as alterações fisiológicas, físicas e psicológicas na gravidez e saber responder às necessidades da mãe enquanto mulher. Não existem duas mulheres iguais, umas toleram exercícios mais intensos que outras dependendo muito da atividade física que já praticava antes. A segurança da mãe e do bebé são o principal interesse, por isso os profissionais do exercício devem ter sempre em conta que a gravidez e o puerpério são uma fase da vida da mulher que se deve respeitar para não se atingir objetivos físicos muito exigentes”, segundo Paula Santos, formadora do Holmes Place.

A manutenção de exercícios de intensidade moderada durante uma gravidez normal proporciona inúmeros benefícios para a saúde da mulher. Exercícios de intensidade leve a moderada podem promover melhoras na resistência e na flexibilidade muscular, sem aumentar o risco de lesões, complicações na gestação ou relativas ao peso do feto ao nascer. Consequentemente, a mulher passa a suportar melhor o aumento de peso e atenua as alterações posturais decorrentes desse período.

A atividade física aeróbia auxilia de forma significativa no controle do peso e na manutenção da condição física, além de reduzir riscos de diabetes gestacional, condição que afeta 5% das gestantes. A ativação dos grandes grupos musculares propicia uma melhor utilização da glicose e aumenta simultaneamente a sensibilidade à insulina.

Os estudos também mostram que a manutenção da prática regular de exercícios físicos ou modalidades desportivas apresenta fatores protetores sobre a saúde mental e emocional da mulher durante e depois da gravidez.

A gravidez não deve ser um estado de confinamento e as mulheres, com gravidez normal, devem ser encorajadas a continuar e a se envolver em atividades físicas.

Todas as mulheres grávidas ativas devem ser examinadas periodicamente para avaliar os efeitos dos seus programas de exercício sobre o desenvolvimento do feto, para que ajustes possam ser feitos se necessário.

Mulheres com complicações médicas ou obstétricas devem ser cuidadosamente avaliadas antes que sejam feitas recomendações sobre a participação de atividade física durante a gravidez. Apesar do facto de que a gravidez está associada a profundas alterações anatómicas e fisiológicas, o exercício tem riscos mínimos e benefícios confirmados para a maioria das mulheres.

Uma gravidez ativa contribui para a prevenção e o controlo de:

– aumento excessivo de peso;

– tensão alta;

– diabetes gestacional;

– cansaço;

– cãibras;

– inchaço nas pernas;

– instabilidade do humor;

– dores nas costas e nas pernas;

– prisão de ventre;

– falta de ar;

– pré-eclampsia.

Benefícios da atividade física durante a gravidez:

– Aumento do consumo energético da mãe

– Menor ganho de peso e adiposidade materna

– Melhoria da Autoestima

– Melhoria do humor

– Reduzir certos desconfortos da gravidez e a necessidade de medicamentos

– Permite um retorno mais rápido ao seu estado normal após o parto

– Mulheres preparadas fisicamente e que mantenham o exercício durante a gravidez são facilitadas no parto (1/3 mais rápido na expulsão)

– Dores inferiores

– O exercício fortalece o corpo

– Menor risco de um parto prematuro.

O exercício físico regular é contra-indicado em mulheres com as seguintes complicações:

– Doença do miocárdio descompensado

– Insuficiência cardíaca congestiva

– Tromboflebite

– Embolia pulmonar recente

– Doença infeciosa aguda

– Risco de parto prematuro

– Sangramento uterino

– Isoimunização grave

– Doença hipertensiva descompensada

– Suspeita de stress fetal

– Paciente sem acompanhamento pré-natal

– Gravidez induz a hipertensão (PIH ou chamada também por pré-eclâmpsia)

– Rutura prematura da membrana

– Nascimento prematuro na 1ª gravidez

– Patologia Cervical

– Hemorragia persistente no 2º e 3º trimestre

– Desenvolvimento intrauterino anormal

– Doença coronária ativa

– Coágulo de sangue nos pulmões

– Qualquer tipo de anomalia do feto.

“Todas as mulheres que não apresentam contra-indicações devem ser incentivadas a realizar atividades aeróbicas, de resistência muscular e alongamento. As mulheres devem escolher atividades que apresentem pouco risco de perda de equilíbrio e de traumas. O trauma direto ao feto é raro, mas é prudente evitar atividades de contacto ou com alto risco de colisão. Deve-se tomar o cuidado de não se exercitar vigorosamente em climas muito quentes e de prover a hidratação adequada, de modo a não prejudicar a termorregulação da mãe. O exercício deve ser iniciado após o terceiro mês de gravidez (autorizado pelo médico). Grávidas com atividade física anterior à gravidez não necessitam de realizar paragem (desde que autorizado pelo médico). O exercício pode ser realizado até ao último dia de gravidez, mas com uma intensidade mais reduzida”, de acordo com Paula Santos.

Antes de iniciar a atividade deve-se:

– Medir a pressão arterial (PA);

– Verificar a existência de alguma contra-indicação que impeça o exercício físico;

– Pedir autorização médica;

– Saber em qual o trimestre que se encontra e enquadrá-lo nas respetivas linhas orientadoras;

– Assegurar que se mantém vigilância médica regular.

20 cuidados num programa de exercícios para grávidas:

– Uma grávida sedentária deverá iniciar o exercício físico após o 1º trimestre.

– Moderar o exercício e seguir as linhas orientadoras.

– Se for atleta deverá reduzir a intensidade gradualmente.

– Aquecimento – mínimo 10´

– Atividade aeróbia – cuidado com a intensidade

– Treino com resistências – de preferência os grandes grupos musculares.

– Retorno à calma – mínimo 5´

– Alongamento – evitar alongamentos assistidos devido à hormona relaxina

– Relaxamento – realizar técnicas de relaxamento

– Não fazer abdominais

– Aquecimento mínimo de 5´

– Hidratação;

– Monitorizar a intensidade. (cardiofrequencimetro)

– Atividades seguras: andar / jogging (se já o fazia anteriormente) / bicicleta / nadar / atividade aeróbia de baixo impacto, dança.

– Aconselhar a treinar de manhã – é mais fresco

– Uma grávida sedentária não deve começar imediatamente com o treino de resistência.

– Evitar este tipo de treino caso a grávida sofra de problemas musculares, articulares ou ósseos.

– Manter a carga leve e aumentar o número de repetições – mínimo de 15 (RPE ≤ 7)

– Verificar constantemente a sua postura e respiração.

– Evitar exercícios acima do nível da cabeça, de forma a evitar posturas incorretas, subida da PA e desconforto.

Ao contrário do que muitas pessoas acreditam, a atividade física regular e adequada durante uma gravidez saudável não aumenta o risco de partos prematuros, de abortos e do nascimento de bebés com baixo peso.