Costuma dizer-se que ter dores musculares é sinal que de se acabou de fazer um bom treino. Será mesmo assim?

É muito comum quando fazemos musculação alguém nos dizer “estás com dores? Ainda bem, é sinal que treinaste e que o treino foi bom!”

Isto é válido em alguns momentos mas não em todos pois se as dores forem muito fortes é sinal que algo não correu como deveria e normalmente as principais causas são a execução errada de algum exercício ou a sobrecarga de um grupo muscular especifico, o que significa que o treino não foi “bom”.

Por outro lado, não devemos evitar este mecanismo a todo o custo, porque sem ele, os músculos não se desenvolvem.

Dores Musculares Pós Exercício ou DOMS (Delayed Onset Muscle Soreness), não é mais que uma reação dos músculos ou tendões aquando da aplicação de uma carga significativa que provoca micro lesões nas fibras, que dá inicio a um processo inflamatório e de regeneração das mesmas.

Segundo Paulo Ah Quin, este processo inflamatório começa logo no final do treino com libertação de Cortisol (hormona catabólica) e tem o seu pico durante as 24h após o estímulo, provocando algumas dores e desconforto muscular.

Este resultado do treino é desejável desde que moderado.

Então mas as dores musculares não são devido ao ácido láctico/lactato?

NÃO, o lactato é sim uma substância que é produzida ao longo da atividade física, que quando a tinge a sua concentração máxima (nos músculos) impede a realização de mais esforços. É muitas vezes a causa da falha muscular quando estamos a realizar treino de força e daquela sensação de que o músculo está “a queimar”. O lactato volta a concentrações normais (0,7 a 1,9 mmol/l) 1 a 2 horas após terminarmos atividade que estava a ser realizada, independentemente da intensidade. Logo podemos concluir que as dores musculares não podem ser associadas à acumulação de lactato.

É importante saber que existem algumas coisas que podemos fazer para controlar um pouco este processo.

Devemos planear bem o nosso treino de forma que este não seja demasiado exigente e acima das nossas capacidades atuais, devemos dar um estimulo superior aquilo que estamos habituados a fazer mas também não pode ser demasiado superior pois o objetivo é desafiar o corpo e não destruí-lo.

Devemos executar um bom aquecimento (5 a 15 minutos), com uma intensidade moderada e crescente, podendo e devendo realizar alguns exercícios específicos mas com cerca de 50% da carga.

Paulo Ah Quin sugere adicionar alguns exercícios de Libertação Mio-Fascial (LMF) para preparar os tecidos conjuntivos para o esforço.

Após o esforço, devemos começar a pensar em recuperar, realizando exercícios de LMF, alongamentos suaves e fazer uma alimentação ou suplementação adequada (inibindo o ciclo do Cortisol).